Hoje eu me lembrei de um menino, muito jovem, que chegava em
Cascavel, no Paraná, há vinte anos... Caraca, vinte anos já! Duas décadas!
Uma
mochila que servia de mala, uma sacola de livros, um colchão de solteiro
enrolado e amarrado com fio de varal, e completamente apavorado por desbravar
uma etapa nova da vida em uma terra completamente estranha para ele.
Os
medos e as incertezas vinham ciscando atrás, sempre fortes e se multiplicando
rapidamente.
Quantas
lágrimas noturnas foram sua oração antes de dormir. Era visível o turbilhão de
emoções que aquele menino carregava no peito.
A
aprovação no vestibular de uma excelente universidade pública (Unioeste) foi o
pretexto para vir, mas a necessidade de sobreviver a si mesmo e por si mesmo
sempre foi o seu maior motivo.
E lá
se vão vinte anos completados essa semana... A vida, de fato, passa muito
rápido!
Tantas
coisas, tantas pessoas, tantas histórias ficaram para trás... Depois de um
tempo a gente descobre que nem tudo e nem todos são bagagens que seguirão
viagem contigo, e sim âncoras! E âncoras podem deixar você estagnado. Aquele
menino teve que quebrar muitas correntes que o afundavam lentamente.
Se
eu pudesse, correria na rodoviária de vinte anos atrás e daria um abraço muito
apertado naquele menino. Apesar do atraso de quatro horas do ônibus fedorento.
Mal sabe ele que algumas lições vão custar bem caro... E quanto conhecimento e
aprendizado conseguimos juntos!
Aquela
terra estranha, que nunca lhe deu absolutamente nada de graça ou fácil, hoje é
a sua casa.
Eita,
que saudade daquele menino... Hoje, eu e ele sabemos quanto valor tem um
pãozinho com café em nossas vidas, heinl
Ele
tinha coisas, naquela época, que eu já não tenho! Eu sou, hoje, o homem que ele
batalhou tanto para ser!
Ah, piá do dianho!
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