Ouvir Bethânia no domingo de
manhã me dá uma sensação tão confortável de ter vencido na vida...
Hoje, a manhã chegou dengosa,
com chuva forte e tranquila, como um amante que sabe a intensidade que deve
empregar na pegada para não ser meloso, mas deixando a vontade de querer mais. Toda
silenciosa e úmida, me despertou com aroma de vontade de viver. Perdi o sono.
Levantei.
Ritual sagrado e cotidiano de
reverenciar a vida com um café da manhã sereno. Minha forma de agradecer a vida
é respeitar o meu despertar todas as manhãs. Faço meu café, observo a
tranquilidade do dia nascituro, sou invadido com intensidade e doçura por uma
gratidão genuína e luminosa. Isso me faz vivo. Torna-me grato.
Todos os dias, as obrigações incessantes,
os compromissos famintos, os horários a serem obedecidos. Todos os dias. Não antes
do café sagrado. Não antes de deixar a minha consciência reconectar-me com o
que me importa, verdadeiramente.
Hoje não.
Hoje é domingo.
Domingo é dia de esquecer que
existe relógio. Porque o tempo cronológico é capataz do desperdício. A vida que
mingua minuto a minuto regando todas as vivências que vamos derrubando pela
estrada. Cada passo do ponteiro é um plano, um sonho, uma intensão, uma vida
inteira que fica pelo caminho, à espera da colheita que nunca se faz.
E Bethânia floreia meu
coração.
O café fumegando na caneca, cirandando o balé da tranquilidade com que me presenteia o domingo. A chuva cadenciando as batidas do meu coração. E Bethânia acarinhando a minha alma com sua voz, sua arte, sua grandeza tão naturalmente despretensiosa. Ouvir Bethânia no domingo de manhã me traz a sensação tão quentinha de ter vencido na vida. Porque, para mim, ser bem sucedido é exatamente isso: alcançar a capacidade de colher a grandeza de apreciar uma canção na voz de Bethânia na paz de um domingo de manhã cheirando a café fresco. O dia hoje está tão Bethânia! O resto? É só resto...
Um comentário:
Ouvir Bethânia é uma bênção.
Continuação de boa semana.
Um abraço.
Postar um comentário