É chegada a hora do recolhimento. Do reconhecimento. Do auto-momento-contemplativo-solitário. Onde o guerreiro percebe seus ferimentos. Percebe a força que pode extrair de suas falhas. As lições que recebeu das quedas. Dos golpes desferidos contra si mesmo. Observa o momento exato onde deveria gritar e calou. E sua voz ecoa, eclode, ainda assim, dentro de sua alma. Porque a alma é rebelde. É preciso domá-la. Constantemente. Para deixá-la livre. Recolher-se... Colher-se novamente. Apalpar-se. Identificar-se como ser único e transmutável. Mutante. Amadurecer. Cicatrizar-se. Fenecer. E depois da noite, brilhar. Ressurgir. Resignificar. Reinstaurar a vida que pulsara sempre, mas, por vezes ausente. Morrer. Feito a Fênix. E reacender. Transcender. Renascer. E fazer das próprias cinzas, fogueira. Iluminar os caminhos que esperam os pés. A pegada. A cavalgada do guerreiro ressurgido do seu momento de recolhimento. Fortalecido. Renovado. Restabelecido. Revivido...
O Solitário - Rainer Maria Rilke
Não: uma torre se erguerá do fundo
do coração e eu estarei à borda:
onde não há mais nada, ainda acorda
o indizível, a dor, de novo o mundo.
Ainda uma coisa, só, no imenso mar
das coisas, e uma luz depois do escuro,
um rosto extremo do desejo obscuro
exilado em um nunca-apaziguar,
ainda um rosto de pedra, que só sente
a gravidade interna, de tão denso:
as distâncias que o extinguem lentamente
tornam seu júbilo ainda mais intenso.
Não: uma torre se erguerá do fundo
do coração e eu estarei à borda:
onde não há mais nada, ainda acorda
o indizível, a dor, de novo o mundo.
Ainda uma coisa, só, no imenso mar
das coisas, e uma luz depois do escuro,
um rosto extremo do desejo obscuro
exilado em um nunca-apaziguar,
ainda um rosto de pedra, que só sente
a gravidade interna, de tão denso:
as distâncias que o extinguem lentamente
tornam seu júbilo ainda mais intenso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário