O meu coração tem
milhões de becos
E cada rua, cada
esquina, cada arvoredo
Remete ao rebento sonho
antigo
Que pulsa o pulso
latente e cortante;
A vontade imensa e
incessante
Que o meu coração tem de
existir.
O andarilho, o despojo,
o mendigo
Que carrega suas
ausentes lembranças
Amarrotadas dentro de um
saco de lixo
Pintado com cores de
perdidos sorrisos.
Cada voz que ouço me
chamando
Cada ilusória realidade
que invento
Cada vulto que me
apavora
Cada grito que quebra o
meu silêncio
Cada insulto que me
desaprova
Finjo esquecer em cada
esquina que dobro;
Fujo daquilo que sou eu
mesmo em dobro!
Porque dentro de mim há esquinas incontáveis e incalculáveis caminhos que se aproximam, se cruzam e novamente se distanciam... Ao infinito! Cada um de mim fica por essas esquinas à espreita me esperando passar e, no momento exato - nem mais, nem menos - me surpreendem modificando todo o trajeto que me fez ser quem sou. Há tantos de mim em imensuráveis esquinas no meu ser e, mesmo assim, se faltasse um, apenas um, já não seria mais eu. Seria um outro! Conheço poucos, mas amo a todos.
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