A poesia aqui nesse espaço sempre será instrumento e voz de assuntos tão importantes e necessários quanto estar vivo. E é por estar vivo - e COMO estar vivo - é que hoje trago a contestação, a indagação, o engajamento da minha poesia em causa muito maior do que qualquer rótulo como, por exemplo, social, ambiental, ecológico etc.
O vídeo abaixo traz uma campanha urgente de mobilização social. Eis um momento bem típico onde podemos, como povo, população e cidadãos de um país em desenvolvimento, manifestar nossa opinião - depois de construí-la - diante de uma empreitada que matará uma grande parte da nossa floresta e todos os recursos naturais que ela abriga.
Acessem o site abaixo e votem, pelo amor à natureza da qual fazemos parte.
O texto abaixo escrevi em época de copa do mundo... Por alguma razão o vejo ainda muito atual e compartilho agora com vocês, caros Amigos da Sofia:
"À Pátria Amada Brasil..."
Sempre que estamos em época de copa do mundo algo me incomoda e me instiga a pensar ainda mais neste povo brasileiro, tão fervoroso e animado, às raias da loucura futebolística: por que esta mesma empolgação e súbito arrebatamento patriótico acaba junto com as competições? Sei que vou comprar briga com muita gente que ler este texto, mas, como a minha língua não para mesmo dentro da boca e minhas mãos não conseguem ficar imóveis às ordens do meu cérebro, lá vou eu...
Inegável, de fato, que o povo brasileiro é muito corajoso, trabalhador e possuidor de extrema garra e força de vontade. Fico a me perguntar, então, porque as grandes comoções coletivas dentro deste país só ocorrem em eventos esporádicos como, por exemplo, a copa mundial de futebol. Ah, ok! Também tenho que dizer que não estou desmerecendo nem tampouco desvalorizando o talento e a necessidade do esporte na formação de caráter e identidade de uma nação. Já sabiam disso os gregos da antiguidade que preparavam seus futuros cidadãos com a educação da música para a alma e a do esporte para o corpo.
Só estou querendo entender, sinceramente, por que é que este mesmo povo que foi o único a conquistar tantos títulos de louvor em campeonatos mundiais só pinta o coração de verde e amarelo a cada quatro anos... Ou em eventos do gênero! Por quê?
Por que será que esta consciência "canarinha" não aparece diante de sua política equivocada e caótica? Por que será que o refrão "sou brasileiro, com muito orgulho..." não é entoado perante a péssima, nojenta, educação que está dada a esse mesmo povo? Por que será que não são cobertos com a bandeira do Brasil os cadáveres de pessoas que morrem diariamente nas filas de hospitais públicos fedendo à desprezo, à descuido e à abandono? Por que será que as pessoas só vão às ruas gritar histericamente - mesmo sem saber porque, de fato, estão gritando e comemorando - quando o motivo para isso é um gol? O gol tem sua importância cultural e mérito, com certeza! Mas, onde está a força deste povo tão lindo? Nos pulmões comprimidos por quatro anos para ser projetados oceanicamente a milhares de quilômetros... Mas, o cotidiano é que está precisando de reparos! O presente do país é que merece gritos e suspiros e insônias e manifestações homéricas de brilhantismo e perseverança.
É isso! A copa acaba... Os doentes permanecem doentes nas filas de hospitais caquéticos. Os estudantes continuam sua caminhada rumo ao adestramento barato, emburrecedor, antagonista da educação formadora de opinião e criticidade cognitiva. A política do país (que os mesmos brasileiros que enchem seus peitos de orgulho para gritar o nome do Brasil nos jogos de futebol "acham" nojenta) resistirá a esse mês de súbito levante de patriotice popular e continuará a fazer tudo o que está posto. Estes mesmos políticos que preferem extinguir o décimo terceiro salário do povo que os elegeram para serem seus representantes... Os mesmos parlamentares que gastam seus inexistentes neurônios para pensarem em bolsas para jogadores de copa do mundo no valor de R$400.000 (quatrocentos mil reais)... Ah, os mesmos representantes eleitos que votaram projeto de lei que os liberava do cansativo trabalho árduo durante dois meses para que eles, pobres políticos trabalhadores, pudessem acompanhar a copa com mais tranqüilidade...
Mas, por que se importar com questões tão triviais quanto essas? Por que pensar nas próximas eleições e em todo o futuro de um país hipócrita e mesquinho com seus próprios filhos? Afinal de contas é copa! O Brasil está no páreo! Somos o país do futebol! E o resto? Foda-se!
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