domingo, 18 de dezembro de 2011

Hoje Acordei Bethânia!

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Vista noturna da janela do meu apartamento.


"De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho"

Poema - Cazuza



Olho pela janela do meu apartamento.
Lá fora as pessoas estão vivendo. Uma vida comum. Uma existência regada por acontecimentos corriqueiros. Emoções dantescas inexistentes. O contentamento grato por estar vivo e só.
Só viver!
Já não me basta.
Não posso me sentir igual aos outros seres humanos porque tenho uma inquietação dentro de mim que não me permite assim. Um jeito de sentir e não existir que só encontrei nos escritos de Clarice Lispector ou nas composições de Renato Russo, por exemplo. A voz de Bethânia! Sentimentos tão avassaladores e pensamentos tão entorpecentes que minha lucidez grita em minha essência sem que eu possa acudi-la. E ela me espanca!
Sonhos existem em mim.
Amor há aqui dentro.
Esperança?
Sempre!

Mas, de quê?

Hoje quero ser ignorante.
Mais do que sou. A ignorância é uma dádiva.
Então escrevo e procuro dançar com meus versos que não são meus. Corro e grito. Em silêncio. O dia magnificamente belo. Céu azul límpido. Todas as contas pagas, graças a Deus. Saúde intocada. Família está bem. Amigos todos amados e necessários. Casa limpa e arrumada. Namoro gostoso e harmônico. Trabalho honesto (conforme aprendi que deveria ser). Emprego bom. Dízimo pago com recibo assinado (não por Deus, pelo padre). Salário garantido todo final de mês. Poupança no banco exalando uma falsa garantia de absolutamente nada... Estou respirando!
E a vida está como deveria estar.
Mas isso não me basta!



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