sábado, 29 de dezembro de 2012

Livro da Colheita dos Dias





Uma oração antes de dormir, na noite anterior, talvez tenha sido a diferença que eu não percebi... 

Um velho barbudo, incrivelmente baixinho e misterioso me dizia para receber o seu presente com humildade e usá-lo com sabedoria porque não haveria outro igual.

Acordei antes de o relógio despertar às oito horas. Estranho. Isso praticamente nunca acontecia. E o velho? Não sabia ainda se sonhara ou se aquela conversa, de fato, existira. Percebi que estava na cama. Minha cama. Meu gato dormindo recostado à minha perna direita. Levantei. Andei pelo minúsculo apartamento onde moro há mais de um ano. Sozinho. Moro só e estava só. E o velho? De repente o sinal da campainha da porta tocou. Assustei-me severamente. Sabia que o prédio estava quase vazio. Prédio pequeno, poucos moradores. Nessa época do ano todos viajando. Para alguém chegar à porta do meu apartamento teria que antes passar pelo portão lá fora e pela porta de vidro temperado que dava acesso ao prédio. Pelo menos três chaves diferentes uma da outra.

Ah, como pude esquecer?

Havia, realmente, a possibilidade de alguém entrar voando, já que as janelas nos corredores ficavam abertas para ventilação... Não! Possibilidade descartada!

Fui até a porta - já que o toque da campainha insistia cansativamente - e, antes de simplesmente destrancar a porta e abri-la, verifiquei o olho mágico. Não sou alguém que consome bebidas alcoólicas. Ou substâncias ilícitas que deturpem a compreensão da realidade. Quem me conhece sabe que sou a pessoa mais careta desse universo. Mas, o que vi realmente aconteceu: a silhueta daquele minúsculo velho barbudo começando a descer o lance de escadas para sair do prédio. Rapidamente apanhei a chave da porta e, ao abri-la, corri para tentar me certificar que era o mesmo velho... Não consegui mais a visão de nada. Mas, existira alguém ali. Ouvi a porta de vidro de acesso ao prédio se fechando por fora. 

Brincadeira de péssimo gosto. Certamente!

Esbravejei mentalmente um monte de coisas feias e voltei em direção a minha porta. Tropeção. Quase caí de rosto no sofá perto da entrada. Já ia vociferar outros palavrões - ainda mais escabrosos que os primeiros - quando percebi que o meu tropicão tinha se dado por causa de um objeto depositado no capacho. Obviamente aquilo fazia parte da brincadeira feita contra minha pessoa por algum vizinho metido a comediante. O embrulho era igualmente estranho. Envolto em um tipo de papel grosso e fosco que nunca vira antes na vida. Amarrado com uma espécie de cipó. Que trabalheira somente para passar um trote em alguém... 

Mas o meu nome estava escrito na beirada do pacote. Uma letra inacreditavelmente linda. Brilhante. Reluzente. O pacote era leve, retangular, não muito volumoso. Imaginei algumas possibilidades e decidi abrir de vez porque só assim acabaria com aquela piada. Esperava a qualquer momento algo saltar do pacote e me pregar um susto. Ou alguém adentrar o apartamento com apitos ou buzinas de zombarias. Mas nada disso aconteceu.

A voz daquele velho ressoou por todo o local: "lembre-se, não haverá outro igual... Use-o com humildade e sabedoria!" O susto foi realmente gigantesco ao ouvi-lo e cheguei mesmo a procurá-lo por todo o recinto. Mais calmo voltei ao pacote já quase desfeito.

Para minha surpresa o embrulho protegia um livro. Capa dura de um material muito parecido com tecido. Tamanho um pouco maior do que um livro comum. Uma cor neutra e leve. Nada estava escrito na capa. Nem título, nem autor. Fiquei apreensivo. Folheei-o. Absolutamente nada estava escrito. Palhaçada mesmo! Um livro em branco... Percebi que somente as páginas estavam marcadas. E, subitamente, uma suspeita - intuição - me tomou e fui até a última página do livro. Para a minha surpresa a última página desse estranho livro marcava 365.

"Não haverá outro igual... Use-o com humildade e sabedoria!"





 ~  .::.  ~ 

Queridos Amigos da Sofia, 

Obrigado por tanto carinho, amizade, gentileza, colaboração, força e incentivo! A todos, o meu humilde e sincero agradecimento! Que o novo ano seja repleto de saude, aprendizado, sabedoria, boas energias e vida!

 Luz e Paz!


 


quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Incentivo a Leitura!



 
Olá Amigos da Sofia!

Venho com muita felicidade e sincera gratidão compartilhar com vocês o presente que a querida amiga Martha Marquez do blog TERNURA ANTIGA (visitem, eu recomendo) trouxe para o Amigo da Sofia.
Existem algumas regrinhas para seguir, mas vou quebrar algumas regras, só algumas... Rsrs! Vou deixar o presente e compartilhar com todos os amigos que SEGUEM o Sofia. É seu o presente também. É nosso! Levem, se quiserem... Aqui no Sofia esse selo estará na página "PRESENTES & CARINHOS!", no início do blog.

Obrigado amiga querida Martha Marquez.

Obrigado a todos os amigos queridos do Sofia! 


Luz e Paz!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Meu Lado Escuro




A estrada
Que ficou para trás
É poeira
E as estrelas
Que despencaram
Do meu horizonte
Apagaram sozinhas
Sem saber voltar.


Tenho um lado escuro
Que não consigo tocar!


Não quero deixar
Os meus fantasmas
Sobrevoarem
As casas
Onde hospedo
Os meus sonhos
E se alimentarem
Das asas
Dos anjos
Que guardam
O ininterrupto sono
Das fortalezas
Que deveriam
Nunca cessar
E me deixar respirar!


Mas, sufoco...




quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O Sol Nasceu




Amiga de luz
Braços da manhã
Amante da noite
Das estrelas, anfitriã
A beleza reluz
O sorriso que seduz
Encantamento...
O amor está aqui
Você entrou na minha vida
Trouxe uma cesta de carinhos
Varreu sombras
Fez da amizade, acolhida
Alimento
E regou os sonhos
Transformou em brisa
Os ventos bravios
Cessou os redemoinhos
Tudo ficou mais calmo
Bonito
Quase tudo enfeitou, floresceu
O meu coração está quentinho
Você surgiu
E o sol nasceu...

~ : : ~

 Salve Amigos da Sofia!
Esse poema acima escrevi em 2006 para uma querida amiga que agora está voltando à minha vida, Luciana. Nos conhecemos por conta de um trabalho que desenvolvemos juntos. Do trabalho brotou uma amizade tão verdadeira e tão profunda que nem o tempo, nem as voltas que o mundo dá, nos separou. Como a publicação é uma singela homenagem a Lu, escolhi uma foto que tiramos na época do poema (abaixo)... Ela está ainda mais linda hoje em dia! 
Aproveito também e agradeço e homenageio todos os queridos amigos que conquistei por aqui, com o Sofia, e os amigos tão amados que tenho... Obrigado a todos!


Luz e Paz!


Luciana e Eu... Festa junina de 2006.


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

O Que Aparece no Retrato é, de Fato, Você?




Os olhares

Supondo carência

A carência

Demonstrando solidão

A solidão

Sussurrando ausência

A ausência

Cantarolando insatisfação

A insatisfação

Esbanjando inconstância

 A inconstância

Permitindo incompreensão

A incompreensão

Despreocupada com amor

E o amor

Sobrepujando

Qualquer significado de dor.



O que me revela é tão simples e tão evidente 
Que ninguém absolutamente... vê!


segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Cronos Devorador!







Aprecio muito canecas e livros!
Com as canecas bebo o que gosto.
Com os livros saboreio o que preciso.

Mas já faz tempo que o tempo me devora!
Das canecas a porcelana ele deteriora
Dos livros o viço das palavras ele leva embora.

E mesmo quando luto contra ele
Não há fuga nem trégua
Mas, oniricamente
Só consigo sobrepujá-lo quando escrevo! 




terça-feira, 23 de outubro de 2012

Gota Vermelha..





A maquiagem rasgada pelo fio do metal incompreensivo / Fazendo a carne sangrar todos os sentimentos equivocados / Que uma lágrima devasta na mágoa do momento indefeso /
A mais profunda lesão na alma causada por fiapos entalhados. // Um olhar de lado / Um moço bonito / Passeando perto / Um instante de resfolego / Um sorriso ensaiado... 

Nunca mais aberto!

 


terça-feira, 16 de outubro de 2012

Verso Puído




Todas as cartas que não escrevi
Rasguei e queimei

Todas as palavras que não disse
Engoli e engasguei

Todas as alegrias que nao vivi
Perdi e escondi

Todas as amizades que  não quis
Desbotei e envelheci

Todas as musas que nao bebi
Matei e esqueci

Todas as vidas em uma só que deixei
Desperdicei e morri...




segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Carta Enviada ao Mar!




Meu pai,

Como vai a vida? Espero que esteja com saúde e bem.
Imagino a sua surpresa ao receber uma mensagem minha. Já faz muito tempo que estou querendo te escrever, mas, deixei a idéia amadurecendo dentro do meu coração até que eu estivesse pronto. E aqui estou. Há muita coisa a ser dita e não sei bem como ordenar os pensamentos no papel de forma clara, mas, vou tentar assim mesmo.
Bem, vou começar lhe contando como está a minha vida.
Estou estudando e trabalhando muito. O curso de Filosofia é muito puxado, pois exige muita leitura e raciocínio, enfim, dedicação absoluta. Mas, estou super feliz com o curso que estou fazendo e, a cada novo dia que Deus me permite viver, me apaixono ainda mais pelo mundo do conhecimento. Tenho plena certeza de que encontrei o meu caminho e estou trilhando-o passo a passo com muita fé e garra. Apesar de todas as adversidades e reveses da vida estou tentando aproveitar o máximo que posso dessa oportunidade maravilhosa que tive de estudar em uma ótima universidade pública. E toda essa determinação se reflete no meu aproveitamento, no meu rendimento em relação a tudo o que estou aprendendo. Fechei o ano de 2005, o meu primeiro ano de universidade, entre os cinco primeiros alunos da minha sala. Isso mesmo: entre os cinco melhores da minha sala. Passei direto em todas as disciplinas e não peguei sequer exame. Isso para mim foi muito importante. Estou contando isso não por vaidade ou para me gabar, mas, porque isso é resultado de um ano árduo de muita labuta e dedicação.
Estou tentando crescer espiritualmente o máximo que eu posso, pois acredito que esse é o sentido de estarmos aqui e passarmos por tudo o que passamos: crescer espiritualmente e como pessoa.
É isso, pai, estou distante e lutando muito.
Prometi para mim mesmo que nesta carta não falaria das coisas que passaram. Mas, é inevitável. Sei que muita coisa entre nós dois ficaram pendentes e mal-resolvidas. Sei também que muitas vezes fui muito duro contigo. Sei que sou o seu filho mais turrão e cabeça dura. Sei que dos seus quatros filhos, provavelmente, eu seja o mais parecido contigo e justamente por isso o filho que mais te questionou, te cobrou e foi duro contigo. Tenho consciência de muitas outras coisas, que se eu escrevesse daria um livro. O livro das nossas vidas. Um dos motivos que estou aqui, através desta carta, me abrindo é o seguinte: preciso fazer a diferença. Preciso ser aquele que dá o primeiro passo rumo aos objetivos necessários. E aqui estou para te pedir PERDÃO. Sim, perdão sim. Pelas vezes em que fui egoísta e não pensei nos seus sentimentos. Pelas vezes que senti raiva ou rancor atrapalhando assim a minha e a sua vida. Pelas vezes em que tive vontade de te abraçar, mas não tive coragem. Pelas vezes que quis te perdoar, mas não tive sabedoria. Pelas vezes que precisei de um pai presente, mas não soube valorizar o que eu tinha ao meu alcance. Pelas vezes que tu precisaste de um filho para te ouvir ou te dar carinho, mas eu não estava acessível. Por todos os abraços que tanto eu quanto você ficamos esperando que o outro desse e assim passamos a vida sem abraços. Pelas vezes que quis chegar até o seu coração, mas errei o caminho. Enfim, meu pai, por tudo o que eu fiz de errado ou simplesmente deixei de fazer até hoje. Não sei se amanhã estaremos vivos para saber. Então decidi não ir dormir mais esta noite sem te dizer tudo o que eu preciso. E eu preciso te dizer que em meu coração já não existe mais nenhum ódio, nenhum rancor, nenhuma raiva, nenhuma mágoa. Absolutamente nada. E é por isso que estou aqui agora para te dizer tudo isso. Quando eu vim embora para o Paraná, a última coisa que eu te falei foi que ainda dava tempo para consertarmos as nossas vidas. E continuo acreditando nisso. O passado é escola, o presente é oportunidade, o futuro é superação. O meu coração realmente mudou sob alguns aspectos e agora estou com a minha alma leve para te dizer tudo isso.
Se algum dia você me permitir ainda vou cuidar de ti, assim como quero muito cuidar da minha mãe e dos meus irmãos.



                           Um beijo do seu filho Whesley


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E-mail escrito em 13 de Janeiro de 2006.