sábado, 26 de fevereiro de 2011

Distúrbios

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Um vento frio e pesado
Devasta, com saliva ácida,
O sentimento edificado
Já a horas de clemência.

A areia engrossa
A água turva
O sangue empossa
O fim da chuva.

A visão não alcança o necessário
As mãos não tocam o relicário
Que provoca, na noite o dilúvio
Aonde afogam-se as mágoas.

O poema é curto como o prazer de uma farra
Tudo converte ao distúrbio
Infortúnio coração que desaba
Cansado, aturdido, invadido, desolado.



Evanescence - My Immortal

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Amigavelmente

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A Luciana de Lima

Os pássaros

A sobrevoarem as colinas

Mais distantes

Estão levando em suas asas

O meu carinho por você.


O vento

Varrendo os meus pensamentos

Deixa somente o que é doce

E mesmo assim é forte

Na amigável sorte

De saber de você.


A cada sorriso aberto

No meu peito desperto

A poesia que aflora

Na sílaba amadora

Que conduz a luz

Aos nossos corações.


Adoro

Venero

Espero que o tempo

Em nossas vidas não passe.


Água e vinho no impasse

Não se misturam

Mas se completam!




Ana Cañas - Esconderijo

(Clipe Oficial)


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Naufrágio

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Naufrago quando você me olha

E o seu olhar me conta o seu segredo.


Naufrago

Todas as vezes que, em mim

Você se protege de algum medo.


Naufrago

Se você chega de mansinho

E do seu jeito me dá carinho.


Sei que você é o meu amor,

Que é uma flor

Que brotou no deserto do meu peito

E com suas manias

Me fez ficar sem jeito

E me entregar.


Mas não quero nem pensar

Se você, linda flor, murchar.

Se não eu naufrago...


E no oceano do teu prazer

Divago e imagino o que fazer

Para que não aconteça outra vez

O meu naufrágio.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Essencial / Revoluções Invisíveis

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Deixa

Os pêlos do seu corpo

Crescerem

Deixa

A sujeira

Acumular-se

Embaixo de suas unhas

Deixa

Seus cabelos sebosos

Na seda da poeira

Deixa

Suas roupas apodrecerem

Com tanto suor

Deixa

Seus dentes caírem

Amareladamente

No sabor do que falta para comer

Deixa

A saliva escorrer

A baba engrossar

E a raiva corroer

Deixa seus pés racharem

No chão seco

Sem medo nem pretexto

Deixa

A memória falhar

O sorriso se apagar

Deixa

O olhar

Longamente piscar

Fraquejando na estrada

De onde vem do acostamento

Um cheiro

Inquieto roseiral

Deixa...

E mesmo assim

Saberá aonde passeia

Sua essência.

Jamais perderá

O que te é essencial

O que traz no coração

Na dimensão

Do infinito sideral...


Deixa!


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Amigos da Sofia, Salve!

A publicação que trago para compartilhar com todos hoje não foi programada. Rs! Para variar, estou seguindo o fluxo do meu coração, cavalgado por minha razão, e estou sentindo as brisas e as pedras em meu rosto. Saboreio cada lição e a vida se arquiteta me trazendo tudo o que preciso para ser feliz... Ou, ao menos, tentar! E estou tentando, sinceramente! Bem, descobri esse vídeo acima na internet e, sem saber do que se tratava, assisti. E, ao término do vídeo, eu me lembrei do poema Essencial que escrevi em minha adolescência justamente por enfrentar problemas e conflitos que logo cedo a vida me trouxe... Daí, eu cresci e hoje sou um "homem feito", dono do meu próprio nariz e exemplo de conduta para muita gente, sim senhor!, mas não santo!
Sempre acreditei nas revoluções invisíveis. Sabe aquelas transformações que acontecem no transcorrer do dia e que ninguém percebe, só você? Então! Acredito que nós, seres humanos perfeitos e inacabados, esperamos os milagres fantásticos, gigantescos, mitológicos acontecerem. E, pobres criaturas tolas!, não conseguimos perceber a vida pulsando fenomenal nas coisas mais simples e corriqueiras.

Todos os queridos (as) leitores (as) desse blog sabem que esse poeta que vos escreve acredita na transformação que a poesia é capaz de fazer. E faz mesmo! Mais uma vez digo e repito que poesia também é instrumento de manifesto, de contestação, de reflexão, de crítica, de súplica, de carinho, de expressão, de alerta, de caminhos tortuosos que não chegariam - talvez - em nossos corações por outras vias. Isso posto, retorno ao vídeo e ao poema de hoje: Acredito no ser humano sem os rótulos tão empobrecedores... Bêbado, mãe solteira, desempregado, idoso, homossexual, heterossexual (por que não?), judeu, negro, pobre, ex-presidiário, maconheiro, prostituta, sarado, gordo, nerd, emo, nordestino etc. No vídeo em questão é narrada a história de alguém que sofreu com sua homossexualidade, mas poderia ser a história de alguém que sofreu com sua negritude, ou com sua religião, ou com sua condição seja ela qual for.... E isso é lamentável! É mesquinho! É cruel! É repugnante... Saber que um ser humano é capaz de oprimir outro por diferenças tão efêmeras.
Há algum tempo publiquei aqui, no Amigo da Sofia, meu Manifesto dos Malditos!, onde já deixava claro o que penso. E é muito degradante saber que pessoas estão morrendo pelo mundo por não conseguirem suportar a pressão, a humilhação, a violência, o escárnio, a arrogância, a falta de humanidade de seres semelhantes... Sou professor e vejo essa realidade. Vejo pessoas maltratando pessoas que eram tidas como amigas. Não levanto bandeira. Não defendo causa ou ideologia. Também não concordo com muitas atitudes que presencio por aí, mas, chegar às vias da violência só porque não concordo... Quem sou eu para concordar ou discordar de algo? O que não quero para minha vida não adoto e pronto! Ah, e sim!... Eu já me senti como um "saco plástico flutuando pelo vento"...

Quando chegará o dia em que deixaremos, enfim, nossa faísca explodir e brilhar?
Enquanto isso vou escrever...





Luz e Paz!