segunda-feira, 7 de junho de 2010

Erótico!

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Por Whesley Fagliari



Ainda vou escrever um poema erótico.

Vou ser mais ousado do que sou e vou me atrever a enveredar pelos caminhos eróticos da poesia. Mesmo sem experiência alguma. Ou, que seja, bem pouca! Todos os poetas imortais, todos os grandes nomes da cultura mundial, em algum momento de suas vidas foram eróticos. É inerente à alma do artista. Chega às vias da homogeneidade. A mistura entre a arte e o erótico é intrínseca e, em algum momento do caminho, acontece a manifestação inevitável.

O quanto erótico é, por exemplo, Dom Casmurro, de Machado de Assis. A protagonista, Capitu, foi concebida por seu autor para ser a representação erótica terrestre. Tão bela! Tão encantadora! Tão misteriosa... E a Garota de Ipanema, de tom Jobim, então! Sua malemolência. Sua feminilidade. Sua humanidade tão real. Quem vai se arriscar a dizer que a mulher em questão não estava exalando seu domínio erótico natural? Quem já teve o prazer de ler Lucíola, de José de Alencar pode afirmar com afinco e segurança que toda a inspiração erótica que alguém pode sentir, potencializar e conferir a um personagem está nesta obra.

A Monalisa de Leonardo da Vinci. A Kika, de Almodóvar. A alegria de Carmem Miranda. A luta de Pagu. A procurada rosa do Pequeno Príncipe. A autenticidade de Leila Diniz. A Fascinação de Elis Regina e sua voz tão marcante e envolvente. A Gabriela e a Tieta, de Jorge Amado. Evita Perón de “sua Argentina querida”. Mickey Mouse e Pato Donald de Walt Disney. O Pensador, de Rodin. As intermináveis, sofredoras e complexas Helenas, de Manoel Carlos. Eduardo e Mônica, de Renato Russo. Enfim, todas foram (e são) personificações dos impulsos eróticos de seus autores, escritores, compositores e criadores.

Romeu e Julieta, de Shakespeare, estavam ligados, enlaçados pelos suaves e quase inquebráveis vínculos eróticos. Assim como Tristão e Isolda. A Dama e o Vagabundo. Piu-Piu e Frajola. Chaplin e seu vira-lata. O Gordo e o Magro. Helena de Tróia e o príncipe Páris. Procópio Ferreira e o teatro brasileiro. Tarcisio Meira e Gloria Menezes. Rose e Jack, de Titanic, entre incontáveis exemplos.

Até mesmo na Bíblia é possível verificar a presença do erótico. É obvio que Maria Madalena será aqui lembrada e citada. Na realidade, o que me encanta na história desta misteriosa e perturbadora mulher é a forma como ela lida com sua vida, mesmo se a historia que está relatada nas Escrituras fosse verdadeira. Maria Madalena não se arrependeu dos seus pecados catolicamente como é vendida a história, ela deixou a promiscuidade e se tornou alguém erótica.

Um poema erótico, contudo, ainda escrevo.

Não pretendo, não quero, não aceito e não utilizo a palavra erótico no sentido vulgar. A conotação popular remete à sexualidade. Não é essa a minha intenção! Vou falar de Eros, o deus grego do amor. É do nome desse deus mitológico que surgiu a palavra “erótica”, etimologicamente. Quem é erótico é, no sentido original da palavra, regido pelo deus do amor. Eros não era o deus mais poderoso, mas, com toda a certeza acabou se tornando o deus mais famoso. Ele era o deus do amor e até hoje há quem fale dele. É por isso que ainda crio coragem e escrevo algo envolto por Eros, o deus do amor. Até Platão, filósofo grego da antiguidade, escreveu uma obra inteira onde Eros era o assunto circundante. Isso, porém, é uma outra história.


Luz e Paz!






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