segunda-feira, 31 de maio de 2010

Sombra de Luz!

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Uma sombra. Presente. O tempo todo. Seguindo. Permanecendo. Convivendo. Sucumbindo! Juan não tinha controle sobre aquilo. Não tinha. Acreditava que não. Pelo menos! E seguia. Insatisfeito. Amargurado. Sozinho. Mas, via aquela sombra logo ali. Ao lado. Sombra mesmo. Mas, não sabia de onde vinha. Só que estava ali. De onde vinha? Não conversava. Não exigia nada. Mas, também não ia embora. Só estava. Ao lado. O tempo todo. No banho. Na escola. No supermercado. Na balada. No quarto. Ao dormir. Ao acordar. Ao pensar. Não alimentava-se. A sombra. Não bebia. Não tinha as mínimas necessidades. Só a de estar ali. Bem perto. Ao lado. De Juan. Que não entendia. Não queria. Não pedira nenhuma companhia. Mas, (também) não fazia nada para expulsa-la. Para quê? Não falava mal. De ninguém. Não dava despesas. Não ocupava espaço... Não pedia nada em troca. Só estava ali. Mesmo que Juan não entendesse. Mesmo que ele não fizesse nada para mudar. Mudar! A comodidade estática sem dúvida alguma sempre é mais confortável. Sem dúvida. Alguma. É mais confortável. A comodidade estática. Sempre. E Juan sabia disso. E concordava. Por isso não mudava. Mudava. Nunca. Não. Por isso. Mas, também por outro motivo. Que só aquela sombra sabia. Motivo. Outro. Escondido. Guardado. Escondido. Que só a sombra. Aquela. Sabia. Só. Juan sempre fora solitário. E sofria. Sem amigos. Sem mulheres. Sem amores. Sem amantes. Sem conhecidos. Sem parentes. Sem ninguém. E a sombra, aquela que seguia Juan, tornara-se sua única relação verdadeira. Única. A sombra. A sobra. Das relações que nunca existiram. Nunca. Existiram. Realmente. Sobras. Do que nem mesmo Juan entendia. E não queria. Porque nunca viveu. Vivências. Não tinha. Mas, a sombra compensava algo que não deveria ser como era. Não deveria. Como a sombra. Mas, estava instalado. No peito. Na vida. Nos pensamentos. De Juan. Que já não sofria. Que já não esperava. Que já não acreditava mais. E perdeu-se! Aos poucos. Retilíneamente. Dia após dia. Minuto a minuto. Em buscas incessantes. Infindáveis. Sobre o que mudar. E a sombra apareceu. Naquele momento. Naquele. Exato. Instante. Quando ninguém mais compreendia. Ninguém. Quando ninguém mais permanecia. Ela permaneceu. A sombra. E acolheu. Todos os medos. Os delírios. As fraquezas. De Juan. Que não viu maldade. Mesmo sendo uma sombra. Maldade. Não. Viu. Apenas. Não viu treva. Até porque aquela sombra poderia ser da cor que Juan quisesse que ela fosse. Qualquer cor. Ela seria. Bastava ele querer. Não precisava ser escura sempre. Não precisava. Nem pesada. Dependendo do humor. Ou da falta dele. Do dia. Do ânimo. Ela transmutava-se. No que Juan quisesse. Será que existem sombras do bem? Será? Será que existem sombras de luz? Impensável... Juan não se importou. Com isso. E aceitou. E imaginou. E recebeu. O que poderia dar. Também. Da sombra. O que de mais ninguém. Recebeu. Mais ninguém.





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