sábado, 31 de outubro de 2009

Remota Possibilidade Devorada

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Avessos

Desabrochando coloridos

Em meus tropeços

Solavanco dos ponteiros

Desarranjados

Percorrendo caminhos

Que são escritos

Delicados pergaminhos

Que são registros

E permanecerão instalados

Guardiões separados

Do tempo

Que permaneceu faminto

E devorou-me o minuto

Derradeiro, absoluto

Lisonjeiro, inédito

Astuto

Momento

Em que os mais desajeitados ventos

Solucionariam

Os tropeços

E os avessos...

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ciranda das Pétalas

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A vida me ensinou

Acolheu

Os meus sonhos

Educou

Os meus momentos

Fez girar

Os meus moinhos

Apagou

Todos os pergaminhos

E me colocou

A reescrevê-los

Colori-los

Enfeitá-los...


A vida (re)colheu

Todos os versos

Que deixei caídos

Espalhados

Pela estrada

Um a um

Pegada por pegada

Com que orientei

O meu destino

E fez um ramalhete

De pétalas retiradas

Do meu imenso filete

Pulsando

Pulsante

De própria vida recorrente

Dissonante

Disseminada...



sábado, 17 de outubro de 2009

Através das Manhãs

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Sou pirata

Mapeando a escuridão

Sou selvagem

Tatuado na palma da mão

Do mundo

Sou profundo

E quero cada vez mais.

Sou o cais

Onde aportam os vendavais

Sou outono

Secando as folhas

Quebrando os galhos.

Sou orvalho

Alimentando a noite

Banhando pétalas

Sou profeta

De utopias vãs

Dissolvidas

Através das manhãs

Em que encontro a realidade hostil

Pagã

Que amarga os sonhos

E devora as flores

Nos arredores

De pensamentos ofegantes

Sou todos os gigantes

E ainda assim senhor

De passos e atos errantes...


Sou só o nó no pó!




terça-feira, 13 de outubro de 2009

Epiderme Papiro

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O grifo, o silvo

O guiso

A letra, o verso

A direita do reverso

Onde escrever

É deixar-se levar

E anunciar

O que ainda não está claro

O imaginário

Teor

De sangue a pulsar

Invasor

Da alma

Que habita

As direções

Mais longínquas

Mais espessas

Mais diversas

E adversas

Entre eu e você...





Salve Amigos da Sofia!

Hoje deixo aqui um convite junto ao poema... Epiderme Papiro é o nome do meu novo blog onde escrevo livremente sobre assuntos, temas e questões que me tocam, me emocionam, me contorcem, me enfurecem, me deixam do avesso - positiva ou negativamente - sem o menor compromisso com nada e nem com ninguém. Este novo espaço surgiu da imensa satisfação que sinto em escrever. O Amigo da Sofia, para mim, é um lugar de encanto, o meu País das Maravilhas e esse amor pela escrita agora cria vertentes em mim. Epiderme Papiro... Visitem!

Luz e paz!

Whesley Fagliari


sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Chão

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No chão

Aberta a rosa

Faz sangrar a beleza adulterada

De primaveras em gestação

De folhas, brotos, galhos

Em perfeito estado de evolução

De palmeiras e coqueiros

Entrelaçados e acuados

Em uma virtual vertiginosa paixão

O chão que seca o espinho

O pinho que aponta e há ponta

O orvalho, a brisa

O abrigo, o agasalho

Tudo faz lembrar o sorriso de Deus

Do chão vem à tona

O broto, o filhote

A vida, a sorte

O mistério, a noite

No chão...



segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Os Versos do Rio


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Escrevo no escuro


E a madrugada


Entre as pedras e o muro


Concede leveza


E silêncio


Para que o rio


Que tanto corre


E morre


Em cada gota


Afaste as pontes


E provoque incêndios


Nos versos


Nos compêndios


Nos arranques...


E renasça... Todo Dia!







quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Dobras

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A gravidade

Sobrepuja o corpo já cansado

A vontade

De parar o caminho

Vem forte

E destrutiva

Como um tufão marinho

Que arrebata todo o encanto

E afoga

E deforma

O que nunca fora simétrico

O que jamais dobra

As dobras

Que o sentimento hipnótico

Procriou

Aqui

Bem fundo em mim...