terça-feira, 28 de julho de 2009

Incólume

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Nataly. Caminhava. Todas as noites. Todas. Por uma estrada. Secreta. Estrada. Só ela. Solitária. Ela. Só. Conhecia. Aquela estrada. Dela. Ninguém mais. De ninguém. A noite. Enfeitava. Com estrelas. Brilhantes. Intensas. Coloridas. Divertida. Era a caminhada. Secreta. Caminhada. Perfumada. Nataly. Menina. Crescida. Rápido demais. Muito. De pressa. A vida passa. A vida. Passa. A caminhada. Só. E aquela estrada. Aquela. Desconhecida. Tão familiar. Tão! Secretamente sua. Sua. E era estranho. Muito. Estranho. Não poder falar. Não. Falar. Não podia. Compartilhar. Com ninguém. Estranho. Era. Realmente! Ninguém. Jamais saberia. Jamais. Dos passos noturnos. Seus. Passos. Dos sorrisos. Estrelados sorrisos. Estrelados. Das brisas festeiras. Brisas. Amigas. Da estrada. Incólume. A estrada. E Nataly. Encantada. Estranho e belo. Demasiadamente. Belo! Porque era seu. Seu. Era. Só. Somente. Ninguém. Nunca. Estragaria. Poluiria. Sua estrada. Suas estrelas. Seus sorrisos. Suas brisas... Apaixonada. Nataly. Estava. Sempre. Estivera. Apaixonada. Pelos passos. Pelas caminhadas. Noturnas. Pelo movimento. Pelos horizontes que inventava. Inventava. Sim. Horizontes. Inventados. Conforme a luz. Diante da lua. Ah, a lua! Mudava tudo. Tudo. A cheia. Por exemplo. Libertava as bruxas. As bruxas. Que voavam. Sobrevoavam. Pairavam. Sobre a cabeça de Nataly. Às vezes, dentro. Às vezes! Dentro. Havia tantas. Muitas. Pareciam borboletas. Coloridas. Borboletas. Pareciam. Que passeavam. Passeavam. Mesmo. Na estrada. Estrada. Sua. De Nataly. Estrada. Que desvelava. Todos os horizontes. Todos. Pintados. Com suas cores. Preferidas. Cores. Dos sentimentos. Enormes. Lindos. Esquisitos. Espalhados. Pelos passos. Pegadas. Leves. Levadas. Pela noite. Portal. Do encanto. De poder passear. Poder. Sentir-se. Livra. Viva. Em movimento. Correndo. Com suas bruxas. Voando. Suas. Que chegavam. Sem partir. E cuidavam. Da estrada. Secreta. Zelavam. Pelo lugar. Lugar. Em que Nataly era feliz. Ali. Nataly. Era muito feliz. E sonhava. Aquecida. Pela noite. Pelas estrelas. Pela estrada. Sua. E a lua. Que aparecia. Sempre. Disposta. Com cintilação. De presente. Nos olhos. Enfeitados. Descansando. Na janela. Do quarto. Na beira. Do leito. De Nataly. Que fugia. Igual criança. Igual. Fugia. Daquelas paredes cinza. Paredes. Geladas. Hospital. Cinza... Fugia. Nataly. Por sua estrada. Com suas estrelas. Todas as noites. Todas. As noites. Enfeitadas. Por Nataly. Incólume!


domingo, 26 de julho de 2009

Aprendiz


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Sou aprendiz

Querendo saber

Sou filhote

Querendo voar

Sou a água

Que ainda vai correr

Sou o vento

Que ainda vai soprar...


sábado, 25 de julho de 2009

Sapato Torto

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Um horizonte sem nuvens

Uma estrada sem direção

Meu sapato torto

Meu caminho incerto

Eu de encontro marcado

Com o meu destino

Um olhar triste

Que mais parece um pássaro

Sem asas

Um verso sem rima

Uma prosa sem coerência

Um cão

Latindo na madrugada...

Eu quis sair

Sem despedida

Quis ficar

Mas, já sem saída

Tive que correr

E a chuva disfarçou

A noite

Fugindo pelos meus olhos.


***

Este poema é do meu livro "Os Ventos Que Sopram Forte Demais", ainda não publicado.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Jardim de Tulipas

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A minha alma mora


Em um jardim de tulipas


Onde os sonhos são gentis e leves


E a aurora é tão serena e mansa


Que a brisa mais suave balança


As flores


Que nunca caem


Nunca secam


Nunca partem silenciosas


Pelas ladeiras sombrias e perigosas


Que o caminho reserva...


Não!

Naquele jardim


Uma gota já é chuva


E um dia


Já é uma vida


Um instante faz a eternidade


E uma saudade


Alimenta


Tanto amor


Amor sem fim, sem dor


Sem tropeço


Só o amor


O início do princípio do começo!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Deuses em Órbita

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Trancafiado

Em seu mais íntimo sentimento

Algo que te conduz...


Confinamento

Em larga escala

Aonde o doce da bala

É bem mais azedo.


A batalha que se trava

Atravessa o coração

Fervendo o sangue

Contrariando os deuses


Em órbita ao redor

Moscas, mariposas

Caranguejos

Secando o mangue.