terça-feira, 30 de junho de 2009

Noite Sem Lua



O meu coração

É um barco que navega

Na escuridão

De uma noite sem lua

A minha razão

O farol apagado que me guia

E os rochedos estão por aí

Escondidos, engalfinhados

Sorrateiros a esperar

Sedentos a naufragar

A ilusão

De quem tenta navegar

Ainda que a esmo

Ainda que sem rumo

Ainda que no escuro

Sem avistar... A lua!





segunda-feira, 29 de junho de 2009

Desalento

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O vento por baixo da porta

Esfria o pensamento

Sopra toda a tentativa de resposta

Para o distante isolamento


O que está aqui

Não é apenas som

É melodia

É a cor da minha poesia


O que quero

O que busco

O que invento...






domingo, 28 de junho de 2009

Soneto do Anjo Humano

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Um trabalhador sem igual

Que serviu e se doou

E pregou o princípio fraternal

Que o próprio Jesus semeou.


Um anjo humano humilde

Que espalhou brilho e luz

Sem asas, mas, voando amiúde

Com ensinamentos que a muitos conduz.


O pacífico guerreiro que escrevia

Foi o grande mensageiro que recorria

Ao Pai de amor, glória e sabedoria.


O lindo exemplo que ensinou

O instrumento que tanto obreiro operou

O legado inestimável de fé, caridade e labor.





Saudações Amigos da Sofia,

Este soneto escrevi já há algum tempo depois de ler uma biografia de Francisco Cândido Xavier. Não é para ter nenhum aspecto religioso, mas, sim humano. Fui profundamente tocado ao ler sobre este homem que é muito mais do que o pouquíssimo que a imprensa já falou dele. Seus maiores e mais lindos atos ninguém divulgou. Esta homenagem é simples. Apenas uma emoção compartilhada com quem visita este humilde canto.

Luz e paz!

Cordialmente,
Whesley Fagliari


sexta-feira, 26 de junho de 2009

Refeição Em Família

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Saudações caros Amigos da Sofia!

Recebi este vídeo em meu correio eletrônico e não pude deixar de registrá-lo aqui. Tamanha a minha indignação e asco perante, mais uma vez, ao que o ser humano é capaz. O que estamos fazendo de nós mesmos? Não quero acreditar que as mazelas humanas tornaram-se corriqueiras, banais, cotidianas. Cenas como estas mostradas neste vídeo não podem ser colocadas no âmbito do banal... Isso me assusta, me maltrata, me entristece, me enoja, me empobrece o coração ao ver o que nós SERES HUMANOS fazemos.





Hoje não haverá poesia. Hoje não serão derramados versos. Só o meu silêncio diante de tanta pobreza de alma... O desperdício é também assassinato! Cada vez que fores jogar um grão de arroz no lixo lembre-se desta família... E de tantas outras que tratariam como tesouro o alvo do seu desprezo... Se a minha poesia não servir também para manifestar o repúdio a acontecimentos como este, então, não mereço ser chamado de poeta... Se a minha emoção não se manifesta ao rigor de uma família faminta alimentada por lixo, então, que ser humano sou eu? Com toda certeza a força e a grandeza deste homem, pai de familía, vai me servir de lição permanente. Como diz a minha querida amiga Priscila do blog Um Refúgio:

Hoje deixo o meu silêncio!

Whesley Fagliari



quarta-feira, 24 de junho de 2009

Pândego


Foto: Cirque Du Soleil


Tantas curvas perigosas

Em que tive de me aventurar

Para conseguir passar

Pelos ditames

Do olhar

Perscrutador silenciar

Que de tanto questionar

Há tempos me atormenta

A tormenta

Logo vira calmaria

Daí

No meu coração

Toda a confusão

Dissipa

Evapora

Acaba

Na magia

Do amor

Que me domina

A respiração...




terça-feira, 16 de junho de 2009

Um Quintal de Lembranças Coloridas

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Girassóis. Uma plantação imensa. Era o que os rodeavam. A vida inteira. Por mais de sessenta anos. Uma vida. Uma história. Um amor... Naquela manhã ela fez o café mais doce de todos. O melhor também. Ele estava sem sono, o que sempre foi raro. Enquanto não adormecia, lembrava. Do café. Da manhã. Da vida. Do sorriso de sua mulher... Como estava envelhecido aquele sorriso, meu Deus! E, no entanto, continuava lindo. Irradiante. Sempre instalado nos lábios. Aqueles lábios tão doces e gentis. Pensando percebeu o quanto o amor entre eles só fez crescer. Contrário a todas as estatísticas. Desmentindo algumas crendices acerca do casamento e seu fardo mais pesado a cada ano. Contradizendo todos aqueles que associavam casamento e prisão. Ele agora pensava como o deles, o casamento, havia dado certo. Muitos problemas aconteceram no percurso da vida, é verdade. Naturalmente! O maior de todos foi a inexistência de filhos. Nenhum. Uma caxumba não cuidada na infância o impediu de semear o jardim de sua amada. Companheira, no melhor sentido da palavra. Por isso, talvez, ele plantasse girassóis. Nada neste mundo pode ser perfeito... O amor entre os dois era! Sempre foi. Ao menos para eles. E a união, que sempre fora alimentada por diálogos constantes, soube superar os problemas. Todos. Principalmente o mais difícil. Feito um rio que contorna as pedras. Agora ele sorria. Mesmo no escuro do quarto. Na tranqüilidade da noite. Na segurança dos braços da amada já adormecida há tempo. Na fortaleza de um amor construído. Por mais de sessenta anos. Dia após dia. Minuto a minuto. A vida foi vivida. Em sua plenitude. Intensamente. Colorida com gestos quase imperceptíveis. Incomuns são as cores do amor. A doçura de um bom-dia calmo. A grandeza de um pegar na mão para assistir, mesmo em silêncio, o por do sol. A graça de uma dança, rostinho colado, no meio da cozinha embalada pelo chiar da panela de pressão. O olhar nos olhos quando faziam amor sempre deixava claro que a emoção do momento, toda vez único, era infinitamente maior do que o prazer efêmero dos sexos exaltados. Quando a idade chegou foi o olhar que permaneceu. E, no entanto, eles ainda continuam fazendo amor até hoje. De outras formas. Com outros jeitos, obviamente! E ele se emocionava todas as vezes que pensava naqueles olhos. Ah, aqueles olhos! Eram faróis para ele. Irradiantes. Ágeis. Intensos... Viver ao lado daquela pessoa tinha sido maravilhoso. Sempre fora. Envelhecer naquele casamento tinha sido colorido. Vívido. Mágico é acompanhar alguém. Doar-se a ela. E receber também. Cada ruga daquele rosto octogenário ele viu surgir. Cada vez que os movimentos dela ficavam mais lentos ele percebia. Constatava. E, com certeza, ela também. A cada novo fio daqueles cabelos lindos, sempre bem penteados, muito bem cuidados, que a vida pintava de experiência ele sabia. Um a um. Ele viu enluarar. E os girassóis sempre estiveram ali... Acompanharam tudo. Toda a história. A vida toda! E agora ela dormia. Tão ternamente. A serenidade de sua feição era visível. Mesmo na escuridão do quarto. E a noite estava quieta, respeitando o repouso merecido. As estrelas vigiavam atentas. Sorridentes. A lua enfeitava todo o céu, porque mesmo na languidez do sono era preciso. Os girassóis esperavam ansiosamente a rotina, os afazeres da casa ressurgirem. Eram eles que acordavam o dia. Naquele lugar encantado, ao menos. O manto do amor emprestava seu calor para manter a cama quentinha. Junto com o abraço carinhoso que embalava o sono todas as noites. E ele, insone, simplesmente agradecia...

domingo, 14 de junho de 2009

Conselhos e Segredos - 100 Publicações!

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Os meus melhores conselhos

Fui eu mesmo

Quem usou...

Todos os meus segredos

Escancarados

Para dentro dos elos

Rompidos

Dissolvidos

Por toda a alegria

De ser agora eu

O meu próprio apogeu

Mais seguro

E mais atento

Para aquilo que não entendo

E já não aceito...

Exatamente o viés

Pelo qual navego

E procuro arrego

No súbito apego

Para existir (livre!)...



Saudações Amigos da Sofia!

Esta publicação vem banhada em uma atmosfera de comemoração. É a centésima publicação do Sofia... Isso mesmo, publicação número 100! Só para registro venho publicar o meu agradecimento sincero e honesto a todas as pessoas que viram aqui algo que merecia um pouquinho de atenção e voltaram, deixaram seus rastros e me marcaram de algu
ma forma... Muito obrigado a todos os Amigos da Sofia, vocês são demais!