terça-feira, 12 de maio de 2009

Histórias Inventadas

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Bacchus - Leonardo da Vinci


Juca contava histórias. Histórias. E estórias também. Muitas. O tempo todo. E vendia flores. Flores. De várias espécies. Cores. Muitas. Histórias e flores. Vendia flores. Contava histórias. Alimentava a alma. E sobrevivia. Ao mesmo tempo. Tempo. Suas histórias inventadas. As histórias de Juca. Inventadas. Juca. O florista. E contador. Não de números. De histórias. Que ele mesmo inventava. Ele mesmo. Inventava. E contava. Histórias. De amor. Também gostava. De poesia. Gostava. Pensamentos estranhos. Ocorriam-lhe. Desses não falava. Guardava. Para o esquecimento. Que vinha. Sempre. Esquecimento. Feito lixeiro. E levava. Todos. Os pensamentos estranhos. Existiam. Ele não sabia por que. Não conseguia. Não conseguia. Simplesmente. Não sabia. Destroçá-los. Por quê! Não conseguia. Ficava sem saber. Não sabia. Mas, vivia. Mesmo assim. Assim. Vivia. Feliz. Alegre. Iluminado. Juca vivia. Tinha as flores. E as histórias. Ele conversava. Com todas. As flores. Suas. E as vendia. Contava-lhes histórias. Suas. Histórias. Estórias. E elas sorriam. Sempre. Por isso eram tão lindas. Lindas. Todas. Lindas. Sempre. Sorridentes. Por que não sabiam. Dos pensamentos. Estranhos. Que rondavam. Continuamente. E Juca disfarçava. Bem. Escondia. Juca. Nunca deixava. Ninguém. Nunca vinha. Não podiam. Saber. Dos demônios. Seus. Tão fortes. Tão latentes. Alimentados. Por Juca. Mesmo. Por seus pensamentos. Estranhos. Humanos. Completamente. Seu lado mais estranho. Era o humano. O maior. Lado. Nem Juca entendia. Nem. Mas, suportava. Pelas flores. Pelas histórias. Pela magia. E o encanto. Pelas pessoas. Com certeza. Seus espectadores. Pela poesia. Que vivia. E semeava. Pela vida. Das pessoas. Compensava. Era maior. Muito mais. A luz reinava. Luz. Na maioria das vezes. Maioria. Mesmo no escuro. Escuro. Tinha luz. E Juca sorria. E contava histórias. Estórias. Suas. Inventadas. E sonhava. E vivia... Cada uma. E vendia. Flores. Suas também. E sorria. Seus versos. Sua casa. Uma só. Cabia. Sacola. Casa. Sua. Nas costas. Na estrada. Poeira. No pé. A sacola. E sua casa. Dentro. Era ali. Onde estivesse. Ali. Em cada passo. Pisava. Seu rastro. Sua casa. Era nas flores. Também. Que vendia. Nos versos. Que recitava. Nas histórias. Que dizia. Estórias. Que inventava. Sua casa. Era ali. Onde seu coração estava. Seu coração. Outro lugar. Não havia. Não. E todos o amavam. Todos. O amava. Era fácil. Amá-lo. Fácil. Sua luz. Seus versos. Suas flores. Mesmo. Os seus demônios. Que ninguém conhecia. Ninguém. Juca não deixava. Deixava. Não. Mas, eles voavam. E não gostavam. Das flores. De Juca. Ah, as flores! As histórias. Sobre fadas. Planetas longínquos. Seres encantados. Elfos. Extremo amor. Amor. Que existia. Fora daqui. Em outros lugares. Lugares. Distantes. Daqui. Aqui. Seres violentos. Violentos. Feitos os daqui. Não existia. Naqueles lugares. Só aqui. Aqui. Só. E as flores. De Juca. Feito os versos. Os versos. Também não eram daqui. Não eram. Eram sim. De outro lugar. Onde todos amavam. Amavam. Mesmo. O Juca. E ninguém sabia. Ninguém. Que Juca voava. Voava. De verdade. Ninguém via. Nunca. E um dia. Um dia. De sol. Luz intensa. Luz. Juca voou. E não voltou. Não. Nunca mais. Não agüentou. E voou. Sem volta. Volta. Todos sentiram. A falta. Juca. Levou as flores. Consigo. As flores. Deixou os perfumes. Fragrâncias. Que não existiam. Aqui. Os versos. Nunca escritos. Guardados. Gravados. Na alma. De cada um. Que os ouviram. E sentiram. Todos. Sentiram. Saudades do Juca. Saudades. Juca. Florista. Poeta. Contador de histórias. Histórias. Estórias. Ninguém sabia. Ninguém. Desconfiava. Que Juca tinha asas. E demônios. Asas. De anjo. Por isso voava. Voava. Sempre. Por isso sentia. Sentia. Por isso. Amava. Por que era humano. Juca. Humano. E anjo. Que voava. E vendia. Suas flores. Suas. E contava histórias. Flores. E estórias. Viravam versos. Versos. Que se modificavam. Através de Juca. Anjo. Que era. Versos viravam luz. Viravam. Luz. E iluminavam. Os versos. De Juca. A vida. De todos. E aquela brisa. Serena. Brisa. Suave. Noturna. Ninguém sabia. Ninguém. Brotavam. Nasciam. Das flores. Das histórias. Dos versos. Das asas. Do coração. De Juca...




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Dedico este texto à minha amiga, cigana e poetisa, Cezarina. (Alma Cigana) Um ser extremamente iluminado que me encanta com seus versos, suas tintas e pinturas e seus momentos compartilhados - ainda que virtualmente. Amiga, é muito bom ter você a me inspirar. Com carinho imenso e apreço profundo. Luz e paz!

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